Origens e evolução da Geografia

De acordo com a etimologia da palavra (ge-terra; graphein-descrever), a Geografia realmente limitou-se, durante séculos, à “descrição da Terra”. A partir do século XIX, porém assumiu um caráter científico; além de descrever, passou a explicar os fatos observados.

Para compreender essa lenta evolução, torna-se necessário voltar a um passado muito remoto, ao tempo dos caldeus e dos assírios, que já se dedicavam ao estudo do Zodíaco; à China de 3000 a.C., que conheceu os movimentos do Sol e da Lua; e aos hebreus, que com o Pentateuco, livro sagrado atribuído a Moisés, descreve. ram os povos que habitaram a Asia Ocidental. Mas foi na Grécia antiga que, na verdade, a Geografia nasceu.

Do século VI a.C. ao século II a. C., muitos matemáticos e filósofos gregos deram sua contribuição para o surgimento desta futura Ciência que, nesse tempo, não passava de simples especulação filosófica. Os maiores destaques vão para Heródoto, Pitágoras e Aristóteles.

O início da era cristã foi marcado por uma nova orientação, que procurava associar a Geografia à História. Nesse sentido, a era mais marcante foi descrita pelo romano Estrabão.

A Idade Média caracterizou-se por um retrocesso lamentável no campo da Geografia, fazendo com que concepções absurdas fossem aceitas como verdadeiras. Sb na época do Renascimento, com as grandes expedições marítimas, essa ciência tornou a evoluir. A descrição das novas terras percorridas pelos exploradores europeus até o século XIX é conhecido, na Europa, como “estatísticas de territórios”.
Dessa descrição decorreram duas orientações de pesquisa: a primeira refere-se às relações existentes entre o homem e o meio físico, enquanto que a segunda destina-se a aplicar, na prática, os conhecimentos teóricos sendo, portanto, mais utilitária.

O século XIX foi considerado o período áureo da Geografia. Durante seu transcurso definiram-se as novas diretrizes para a moderna Geografia, tornando-se esta assim, verdadeiramente, uma ciência. Também nessa época surgiu a Geografia Humana.

Os alemães Alexander Van Humboldt e Karl Ritter contribuíram grandemente para isso, com suas obras sobre as relações entre a mente humana e a natureza.
Algumas correntes importantes não podem ser esquecidas para explicar o desenvolvimento do pensamento geográfico. Uma das mais importantes foi o Determinismo, doutrina segundo a qual o homem seria uma resultante exclusiva das condições naturais em que vive.

Esta era uma idéia muito antiga, adotada por H ipócrates e Estrabão, mas que só tomou verdadeiro impulso no século

XIX e início do século XX, devido ao desenvolvimento dos conhecimentos biológicos. Friedrick Ratzel é considerado seu verdadeiro criador.

Os teóricos do Determinismo consideravam que os climas temperados e a diferenciação morfológica da Europa tinham resultado na supremacia do homem branco. Assim chegaram ao racismo à Geopolítica, na idéia de que das melhores condições naturais tinha-se originado a melhor fração da espécie humana.

O maior erro que contribuiu para um resultado tão desastroso foi o fato dos deterministas terem seguido um processo de pensamento científico, ignorando toda consideração de fatos históricos, sociológicos e psicológicos.

Constatado que este radicalismo exigia muitas retificações, a Geografia começou, assim, a tomar um rumo mais explicativo, mais liberal. Surgiu então o Possibilismo Geográfico, orientação que tratava o homem como um ser inteligente, capaz de agir sobre as condições tísicas. Essa doutrina nasceu para desmentir o Determinismo. Limitava-se a propor hipóteses interpretativas, apoiando-se para isso, na História.

A Geografia pode ser encarada, também, como ciência utilitária ou aplicada. Ela reúne elementos de conhecimento do mundo para facilitar operações de várias finalidades.
Trata-se, por exemplo, do Setor da “Geografia Econômica”, que faz inventários de recursos ou de potenciais de produção para preparar empreendimentos de conquista ou especulações financeiras.
Outro ramo é o que se poderia chamar de “Geografia Militar”, que tem por fundamento a Cartografia e explora os resultados das diversas formas de levantamentos geográficos para assegurar a posse estratégica e tática do terreno.

A Geografia Científica nunca deixou de progredir, enquanto que as diversas formas de Geografia Aplicada são, em sua maior parte, passageiras, pois subsistem enquanto são de utilidade para o homem.
Para que haja progresso, utilidade e até subsistência para a Geografia, não se deve esquecer o fato de ser esta, basicamente uma ciência humana, já que está intimamente ligada com a própria vida do homem.

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